terça-feira, 30 de agosto de 2011

Diário de Bordo - Pesquisa para obra de Papel



Idéias para a Mostra "Papel em branco" - Galeria Fernanda Monteiro

Exposição na Galeria - Sorocaba: de 07 de outubro a 21 de outubro

Exposição na Fundec - Sorocaba: de 24 de outubro a 07 de novembro


Usei como ponto de partida para a idéia da obra de papel, o prefácio do livro "Leonilson: São tantas as verdades", de Lisette Lagnado e que foi escrito por Adriano Pedrosa - Pag. 19 à 24. Amo o livro e intui que deveria reler ele atualmente:

O trecho que mais significou pra mim foi:

Após ver o trabalho, conversamos justamente sobre essa ato de se expor ao público, dilema que parece perseguir o artista de espírito romântico. O expor o coração remete a Klee, que "você olha, é uma aquarelinha, mas ele tirou do coração e pôs na parede," ou ainda a Jesus Cristo, que "tirou o coração, deu para São João Batista e falou: ''''''''''''''''''''''''''''''''Aqui está meu coração, faça dele o que você quiser.''''''''''''''''''''''''''''''''" Entretanto, expor o coração é ato doloroso, sobretudo em tempos de cinismo e ceticismo, trazendo consigo e com frequencia ambiguidade e contradição.

Na arte, então, a mercantilização desse coração não se dá livre de problemáticos desdobramentos. Não somos (tão) ingênuos: a arte é mercadoria. No outono de 1989, Voilà mon coeur havia sido vendido, pequeno ponto vermelho à esquerda de seu título na lista de obras expostas na Galeria Luisa Strina. Como suporta o artista, aquele que expõe seu íntimo, tal mercantilização?

"É seu coração que está lá na parede," disse ao Leo um tanto impiedosa e ingenuamente, "você o pôs à venda." Não tinha eu na época consciência de que na realidade todos seus trabalhos quando não metáforas de seu coração, são metonímias de seu próprio corpo. Voltei ao Rio de Janeiro e dias depois recebi, pelo correio, um pacote de SEDEX. Dentro dele um pequeno trabalho de ouro e cristal; no verso li: "Voilà mon coeur, il vous apartien [sic], ouro de artista é amar bastante."

Talvez mais do que o corpo, o coração seja o motivo dominante e recorrente da obra. O coração como órgão muscular, bombadeor de sangue através de veias e artérias; o coração como centro vital das emoções e sensibilidades do sujeito, repositório de seus sentimentos mais sinceros, profundos e íntimos. Abismos, águas, ampulhetas, âncoras, asas, átomos, crucifixos, desertos, escadas, espadas, espelhos, espirais, facas, flores, fogos, globos, homens, ilhas, labirintos, livros, mapas, matemáticos, montanhas, oceanos, olhos, órgãos, pedras, pérolas, poesias, pontes, portos, radares, relâmpagos, relógios, rios, ruínas, tempestades, templos, vulcões - tudo remete ao coração (do artista), seja atravessando-o, seja por seu intermédio, seja a partir dele. Volto às pretensões e condições de produção do texto crítico:
aqui, lançar-se num projeto de estabelecimento de nexos de significação me parece tarefa quando não supérflua, ao menos fadada ao fracasso. Se, por um lado, nomear mesmo já é tarefa árdua - Tempestade no coração, abismos, fendas e relâmpagos, que nome estranho dão a isso? -, por outro, os vocábulos do vasto léxico do Leo lutam ferozmente contra a dicionarização.

Quando li este trecho fiquei totalmente absorvida por horas em meus pensamentos sobre o coração...o amor...todas esta questão que o texto traz...pensei em fazer um coração em papel...

E agora, estava vendo uma exposição "Slash: paper under the knife", que aconteceu em 2010, no Museu de Art e Design de Nova Iorque.


O Museu de Arte e Design dedicou uma exposição inteira ao fenômeno do papel na arte contemporânea.
Enquanto o "papel" tem um papel tradicional de superfície para a arte, esta exposição explorou obras de arte que o usam como um meio em si.
O curador chefe, David McFadden, conta que o MAD reverenciou o papel na terceira exposição sobre materiais. As duas anteriores foram sobre tricô e bordado.
A exibição contou com vários trabalhos de 52 artistas internacionais incluindo 12 obras específicas do Museu. Essas peças foram construídas e instaladas durante a exposição dando assim a chance do público de ver o processo criativo.

E vi este video da obra da artista Andrea Deszö, onde aparece uma mulher e mostra o seu coração...muito lindo...e todo o universo que existe em nós...


Olha este site dela também é incrível..desenhos lindos...bordados...corações: